Os Policiais Civis do Distrito Federal têm acompanhado estarrecidos os últimos acontecimentos relacionados ao SUICÍDIO ocorrido no interior das dependências da 13.ª Delegacia de Polícia em Sobradinho.
Estamos pesarosos com a dor da família, entendemos que em momentos como estes não existem palavras que possam acalentar o coração daqueles que ficam, muito menos entender os motivos que levam uma pessoa tão cheia de vida, de planos, com sua situação profissional e financeira estabelecida em um dia antes de completar 49 anos de idade cometer suicídio.
Porém é muito importante que as pessoas que estão nas redes sociais fazendo seus comentários cheios de venenos e de propriedades como se fossem peritos criminais, agentes com superpoderes e mais, falam como se estivessem lá e tivessem acompanhado tudo pessoalmente, tenham um pouco de empatia e se coloquem no lugar de quem realmente estava lá e vivenciou tudo o que ocorreu.
Os agentes que estavam no plantão da 13.ª Delegacia de Polícia são pais e mães de família, que presenciam todos os dias de sua vida profissional (uns há mais de 25 anos, e outros há pouco tempo, entre 1 e 3 anos), todas as mazelas da sociedade em que estamos vivendo. Estas mazelas que afligem a todos, como crimes violentos (estupros, homicídios, sequestros, roubos a transeuntes praticados por todo o tipo de criminoso utilizando-se de facas, armas de fogo, de violência e grave ameaça), recebem no balcão da Delegacia pessoas agredidas por maridos, cuja última esperança é encontrar no balcão da Delegacia um Agente de Polícia que irá lhe atender, ouvir seus problemas, registrar a ocorrência e muitas das vezes, sair do balcão acompanhado de outro cana para efetuar a prisão em flagrante do agressor. Muitas vezes a única pessoa que irá lhe dar ouvidos é o Policial que está lá há quase 24 horas trabalhando, no balcão, este mesmo Agente que muitos estão chamando de criminoso em comentários insensatos no facebook.
É inadmissível que se pense que um Agente da Lei irá colocar a sua vida profissional e pessoal em risco por conta de qualquer coisa. Se Luis Cláudio não tinha motivos algum para se suicidar, como informam seus familiares em todas as redes sociais, em todas as plataformas de notícias, em toda a mídia escrita, de rádio e televisiva, por que acham que um Agente de Polícia ou um Escrivão de Polícia iria colocar seus anos de estudo numa lata de lixo? Por que um Agente da Lei iria estudar anos, passar em um concurso concorrido (mais de 29 mil inscritos no último concurso) com 7 etapas, iria aguardar mais de dois anos para tomar posse e exercer o tão sonhado cargo na Polícia Civil, aclamada a melhor polícia do país, e iria jogar tudo isso fora agredindo um trabalhador?
Ninguém sabe o que se passa na cabeça das pessoas, como muito tem se falado, ele não teria motivos algum para se suicidar, da mesma forma, que ninguém na Delegacia seria capaz de imaginar que ele poderia fazer tal coisa. Ele foi colocado na cela seguindo as instruções normativas do MP e da CGP.
Novamente lamentamos muito pelo ocorrido, somos solidários aos familiares de Luis Claudio, e sentimos a mesma dor que eles sentem. Mas o que tem que ficar muito claro, é que em momento algum Luis Claudio foi agredido ou maltratado nas dependências da 13.ª Delegacia de Polícia.
Suicídios não são divulgados pela mídia, mas os números são muito maiores do que se pode imaginar. A dor e a vergonha de quem está preso (no caso de pessoas trabalhadoras e não criminosos contumazes), é enorme, e em situação de cárcere pode agir de forma diferente em cada pessoa.
Pedimos a todos que estão acompanhando esta situação tenham um pouco de discernimento, um pouco de paciência e que confiem que tudo será esclarecido de forma correta e isenta.
Assinado: Policial Civil.